É loira e vive com um louro verde colado a uma bancada de
cozinha disfarçada na televisão. Fala de coisas simples mas não é nada simples
falar com ela. Eu que o diga! É que, além de pintor também sou escritor.
Uma vez decidi
mostrar um dos meus trabalhos à ela bem mesmo no dia do falecimento da queen
Hebe Camargo. A Hebe que me desculpe:
“Mas ela tinha mesmo que morrer nesse dia?’” Pois que dia de morte não se escolhe. Calha. (Ainda hei de escrever uma caricatura digna de uma rainha para ela).
A Ana Maria Braga estava com o olhar perdido. Ela veio aqui
em Portugal no Brasilian Day. Pensei que poderia mostrar alguns de meus poemas
brasileiros que só os portugueses conseguiram dar valor em publicar.
Esperei duas semanas como um parvo em
frente a televisão, à espera de que ela
recitasse algum de meus versos ou apenas citasse o mote do meu livro: “Era uma
vez a Poesia...”
Toscamente eu tive esperança. Tive sim. Eu que sou um bom
pintor, até arriscaria a pintá-la nua se ela tivesse reconhecido o valor que um
poeta tem. Não que eu seja um Fernando Pessoa ou algum Almada Negreiros. Mas eu
pensei toscamente nisso.
Assisti o programa “Mais Você” e vi que não tinha nada que
haver comigo, pelo ao menos foi esta a conclusão que eu tirei.
Ana Maria faz um joguete de panela foleiro com pessoas escolhidas
à dedo de ouro pela rede Globo. Tem um amigo imaginário por debaixo de uma
cozinha quase verdadeira com cozinheiras de verdade que suam ao vivo e a cores.
(Eu as pintaria e até escreveria um conto bonito sobre a
mulatas dela.)
O que eu vejo no “Mais Vocês” (do que eu), é uma mulher guerreira que venceu na vida e
que tem uma história bonita. Mas, que fala com a boca cheia, não da comida que
prova, mas do silicone ou do aumento do
lápis delineador nos lábios. Eu vejo um cabelo loiro com mesclas pretas
querendo ter estilo mas parece uma manga chupada.
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